Inquieto, Nero não ficou, ouvindo,
do oráculo a resposta em Delfos:
«Que devia temer setenta anos mais três».
Pois tem imenso tempo de gozar a vida.
Com trinta anos de idade! Como ainda vem longe
o prazo que o Deus lhe demarcou
para temer de perigos iminentes.
Voltará para Roma, cansado um pouco,
mas tão deliciosamente cansado de uma viagem
que nada foi que dias de prazer -
- nos teatros, nos parques, nos estádios...
o entardecer das cidades da Acaia...
E mais: a volúpia da nudez dos corpos...
Assim Nero pensava. Mas na Espanha Galba
secretamente reúne e prepara um exército:
um velho de setenta e mais três anos.
[1918]
CAVAFY, Constantino.
"O prazo de Nero"
in 90 e mais quatro poemas, Asa, 2003.
in 90 e mais quatro poemas, Asa, 2003.
(Trad.: Jorge de Sena)
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