sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sobre as metamorfoses, os burros e as plantações entre os poetas: Apuleio & Manoel de Barros



Unidos sob o jugo, rasgam a terra os bois,
Para que no futuro brotem ricas sementeiras.

Apuleio, O burro de ouro, IX, Cotovia, 2007.
(Trad.: Delfim Leão)

I.2

Eu hei de nome Apuleio.
Esse cujo eu ganhei por sacramento.
Os nomes já vêm com unha?
Meu vulgo é Seo Adejunto - de dantes
cabo-adjunto por servimentos em quartéis.
Não tenho proporções para apuleios.
Meu asno não é de ouro.
Ninguém que tenha natureza de pessoa pode
esconder as suas natências.
Não fui fabricado de pé.
Sou o passado obscuro destas águas?


BARROS, Manoel de. 
O livro das Ignorãças, Record, 2001.

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