quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Do discurso de Pitágoras, ou sobre Hipólito




Pierre Narcisse Guerin, Fedra e Hipólito



Fando aliquem Hippolytum vestras puto contigit aures
credulitate patris, sceleratae fraude novercae
occubuisse neci: mirabere, vixque probabo,
sed tamen ille ego sum. me Pasiphaeia quondam
temptatum frustra patrium temerare cubile, 
quod voluit, finxit voluisse et, crimine verso
(indiciine metu magis offensane repulsae?)
arguit; inmeritumque pater proiecit ab urbe,
hostilique caput prece detestatur euntis.

(XV. 496-505)


Se em conversa te chegou aos ouvidos que certo Hipólito,
pela credulidade do pai e a mentira da criminosa madrasta,
foi na morte lançado, pasmarás, e a custo lograrei provar,
mas esse jovem sou eu. Uma certa ocasião, a filha de Pasífae,
tendo em vão tentado que eu conspurcasse o leito de meu pai,
alegou que eu queria o que ela queria, e, invertendo o libelo,
(por medo de ser denunciada ou ressentida pela rejeição?),
fez-me condenar. Sem de todo o merecer, meu pai baniu-me
da cidade; ao partir, amaldiçoou-me, rogando praga hostil.

(XV. 496-505)





OVÍDIO.
Metamorfoses, Cotovia, 2007.
(Trad.: Paulo Farmhouse Alberto)

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