domingo, 27 de março de 2011

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GLÓRIA OU COMO PENÉLOPE MORREU DE TÉDIO
ATÉ 3 DE ABRIL
TEATRO CARLOS ALBERTO | PORTO

Programa Odisseia | Dia Mundial do Teatro


Em Glória ou Como Penélope Morreu de Tédio, a espera é um bem precioso que revela silêncio e reflexão, mas é também um prejuízo porque é o compasso vazio entre o passado (as memórias vividas) e o futuro por vir que idealizamos nas nossas cabeças. Pathos é apenas um filho a registar a mãe e à procura da sua própria identidade. O medo é um dos elementos mais presentes no espectáculo, bloqueando não só a identidade de Pathos, mas deturpando e justificando a vida de quem queremos registar. O medo é uma questão hereditária, pois em Glória ambém da não‑inscrição Pathos herda o medo dos pais e de toda uma geração que o antecedeu. O amor revela‑se a única arma para vencer o medo, e assim Pathos existe. Este projecto foi escrito para ir a cena. Fala da espera, mas não quer fazer‑se esperar. Fala e quer com toda a certeza inscrever‑se no panorama teatral nacional. É a oportunidade de reflectir sobre a possibilidade de podermos desacelerar, num mundo que circula cada vez mais veloz e se consome de forma descartável. Esperar o tempo certo para que a fruta ou o vinho amadureçam, tornando‑os especiais de reserva; e de como isto se transfere para as relações humanas. Em Glória, queremos também reflectir sobre o porquê de cada vez mais não nos inscrevermos na sociedade e de como isso se espelha no discurso e no corpo de quem vive aqui e agora. Segundo José Gil (filósofo português residente em Paris), os portugueses não fazem o luto e com isto prolongam a espera, como se as coisas não estivessem realmente inscritas no presente, mas se inscrevessem em alguma coisa que ainda está para vir. Subscrevendo totalmente esta ideia, escrevi Glória.


Cláudia Lucas Chéu

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