sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

De Eco para Narciso


Que receias de amor? Amor comtigo
sempre será benigno, e sempre o mesmo.
Receias que jamais a tua a esposa tua
possa um momento resfriar de amar-te?
Conhece-te melhor; quem ha que possa 
não adorar Narciso um só momento?
Temes que o nume alígero revôe,
que depois de prender-te ousado fuja?
Sê mais justo com elle; Amor que ultrajas,
nunca te castigou, nem te foi duro.
E talvez por te amar, que te perdoa,
e encadeia a teus pés milhares de nymphas.





CASTILHO, António Feliciano de.
Excerto da Carta VII
in Cartas de Ecco a Narciso, Empreza da História de Portugal, 1903.

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