terça-feira, 11 de janeiro de 2011

«Mon coeur mis a nu»: a comparticipação cultural


estrofe.
- A imagem do mundo a que o poeta pertence, mas vista à distância, é reduzida a dois símbolos-signos e a uma vivência exclusiva do poeta. Popocatepétl é o vulcão mexicano, símbolo das culturas não europeias. Como vulcão é a Natureza, o sexo e o condicionalismo por aquela imposta ao poeta. Zagreus, personagem mitológica associada a Dionysus e, como este, desfeito ao nascer, em pedaços, representa a Cultura, especificamente a cultura greco-latina de que o poeta comparticipa, como europeu. 

[...]

8ª estrofe.
- [...] A imagem do toiro, ou o seu símbolo, evoca Zagreus, Dionysus, Orfeu e Cristo.

[...]

12ª estrofe. - Grito supremo no momento da comunhão. Glória, não só para o invidivíduo, mas para a pessoa que, em nome de ambos, oferece a herança Natureza e Cultura, o sexo e o pão. Associação do toiro da cultura mediterrânea - Eros - com o cordeiro apocalíptico - Ágape.


[...]


Ó fox-trot
de ostras e hotéis
provinciais.
Popocatepétl!
Zagreus!

[...]

Senhor, deita-te na cama.
Possui-me como um toiro,
minotauro sagrado.
Dá-me o horror do pecado
enganchado nos teus braços!

[...]

Beijar-te-ei os cornos siderais!
Meus irmãos!
Aqui me tendes unido.
Aerograma de amor, rosto fendido
pela graça!






CINATTI, Ruy.
"Mon coeur mis a nu"
in Manhã imensa, Assírio & Alvim, 1997.

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