segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

(do que já escrevera Safo): A Ode do ciúme, o Carme LI, ou tão somente O ciúme


Ille mi par esse deo uidetur,
ille, si fas est, superare diuos
qui sedens aduersus identidem te
__spectat et audit
dulce ridentem, misero quod omnis
eripit sensus mihi: nam simul te,
Lesbia, aspexi, nihil est super mi
. . . . . . . . . . . .
lingua sed torpet, tenuis sub artus
flamma demanat, sonitu suopte
tintinant aures gemina, teguntur
     lumina nocte.
otium, Catulle, tibi molestum est:
otio exsultas nimiumque gestis:
otium et reges prius et beatas
     perdidit urbes.

(Catullus, LI. 1-16)



Igual a um deus me parece,
superior aos deuses, se é lícito dizê-lo,
aquele que, sentado defronte de ti
__te vê e ouve
teu doce riso, que a este desgraçado
tira todo o senso: pois logo que,
Ó Lésbia, te vejo, nada resta
. . . . . . . . . . . . 
mas entorpece-se a língua, nos membros
corre uma ténue chama, os ouvidos
retinem de zumbidos, aos olhos ambos
__cobre-os a noite.
O ócio, Catulo, faz-te mal:
com o ócio excitas-te e anseias demasiado;
o ócio, a reis e cidades outrora felizes
__deitou a perder.

(Catulo, LI. 1-16)




CATULO.
"O ciúme"
in Romana: Antologia da Cultura Latina, Asa, 2005.
(Trad.: Maria Helena da Rocha Pereira)

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