2. O acaso
No deserto, entre os______________________________Encontro
esqueletos do antigo______________________________com
vocabulário, Anfion,______________________________ o acaso
no deserto, cinza
e areia como um
lençol, há dez dias
da última erva
que ainda o tentou
acompanhar, Anfion,
no deserto, mais, no
castiço linho do
meio-dia, Anfion,
agora que lavado
de todo canto
em silêncio, silêncio
desperto e ativo como
uma lâmina, depara
o acaso, Anfion.
*
O acaso__ _ _Ó acaso, raro
__ataca___ _ animal, força
e faz soar_ __de cavalo, cabeça
_a flauta___ que ninguém viu;
____________ó acaso, vespa
____________oculta nas vagas
____________dobras da alva
____________distração; inseto
____________vencendo o silêncio
____________como um camelo
____________sobrevive à sede,
____________ó acaso! O acaso
____________súbito condensou:
____________em esfinge, na
____________cachorra de esfinge
____________que lhe mordia
____________a mão escassa;
____________que lhe roía
____________o osso antigo
____________logo florescido
____________da flauta extinta:
____________da flauta extinta:
____________áridas do exercício
____________puro do nada.NETO, João Cabral de Melo.
"Fábula de Anfion"
in Psicologia da Composição, in Poesia Completa, INCM, 1986.
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