Não tinhas nada que ser amada por Zeus__Europa
agora é o que se vê___Ele foi deitar-se na praia feito touro
os cornos fingindo luas e tu toca de lhe acariciar o pêlo
os cornos fingindo luas e tu toca de lhe acariciar o pêlo
e ele vai contigo ar adentro___é o que diz o relatório da cultura
e metem-se de amores em Creta___parece que debaixo
das ramadas dum plátano e vieram os filhos
mas o que me interessa é o estado
a que isto chegou___minha querida
os teus bisnetos num desemprego parvo__muitos sem tecto e perguntando-se por que raio foi ela
meter-se com o pai dos deuses?
Raptada__nós sabemos__mas mesmo assim__Europa
em Creta há tantos rapazes porquê Zeus
que é hoje um banco alemão?
NEVES, Abel.
"Crítica à Europa"
in Eis o Amor__A fome e a Morte, Cotovia, 1998.
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