domingo, 19 de dezembro de 2010

3º Sessão do Projecto Cidade Poética (3): a paixão grega










Fotografias de Tiago Sousa Garcia


Comecemos por cantar as Musas Helicónias,
as senhoras da grande e divina montanha do Hélicon
e que dançam, com passos suaves, à volta da fonte
de águas violáceas e do altar do todo-poderoso Crónida.
Lavada a pele delicada nas águas de Permesso,
ou de Hipocrene ou do Olmeio divino,
no pico mais alto do Hélicon, formam coros
belos e radiosos, flutuando sobre os seus pés.
De lá descem, escondidas sob a bruma espessa,
e, caminhando na noite, cantam com a sua voz melodiosa,
entoando hinos a Zeus detentor da égide e à augusta Hera
argiva, calçada com sandálias de ouro,
e à filha de Zeus detentor da égide, Atena de olhos garços,
e a Febo Apolo e a Ártemis que lança os dardos
e, ainda, a Poséidon, senhor do solo, que abala a terra,
e a Témis venerável e a Afrodite de olhos vivos,
e a Hebe coroada de ouro e à bela Dione,
e a Latona e a Jápeto e também a Cronos de pensamentos tortuosos,
e à Aurora e ao Sol intenso e à Lua brilhante,
e à Terra e ao grande Oceano e à Noite escura,
e à raça sagrada de todos os outros Imortais que vivem sempre.

(vv. 1-22)


HESÍODO.
Teogonia, INCM, 2005.
(Trad.: Ana Elias Pinheiro & José Ribeiro Ferreira)

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